Em meio a tantos encontros e desencontros, às vezes nos indagamos como saber se é dependência ou amor? Na verdade, essa dúvida esconde uma carência afetiva muito grande a qual não se pode suprir nunca. E sabe por quê?
A resposta está no fato de haver uma grande tendência a se buscar afeto fora e não dentro. Sabe quando você entra em uma relação a ponto de se esquecer de você mesmo? Você se anula pelo outro, fazendo todos os gostos dele para não desagradá-lo, pelo medo de perdê-lo ou ficar só.
Você sente uma angústia muito grande só de pensar em não ter mais essa pessoa por perto e já percebeu que todos os relacionamentos que já teve foram carregados de drama e intensidade, a ponto de se desestruturar completamente toda vez que alguém terminava com você.
O nome desse hábito de amar demais, além da normalidade a ponto de se esquecer do amor-próprio se chama dependência emocional (ou dependência afetiva).
Dependência Emocional
A dependência emocional é um termo mais popular para tratar do Transtorno de personalidade dependente (TPD), de acordo com o DSM-V.
Se você tem essa dúvida sobre como saber se é dependência ou amor, imagino que deve ter problemas nessa área da vida ou, ao menos, estar se relacionando com alguém que tenha as características abaixo.
A pessoa que é dependente emocional costuma ter um padrão de comportamento em suas relações afetivas que é peculiar como, por exemplo, sentir dificuldade em imaginar sua vida sem o outro.
Para que você tire essa dúvida, de uma vez por todas, seguem algumas características de uma pessoa com dependência emocional:
1- Existe uma necessidade de ser cuidado, que pode ser generalizada e excessiva (TPD);
2- Para suprir a dificuldade de serem independentes no cuidar de si, exigem do outro (geralmente uma única pessoa) a responsabilidade por muitos aspectos de sua própria vida;
3- Usam a submissão para fazerem com que o outro cuide deles;
4- São pessoas que se consideram inferiores e tendem a menosprezar suas habilidades; eles tomam qualquer crítica ou desaprovação como prova de sua incompetência, minando ainda mais a sua confiança;
5- Quando um relacionamento íntimo termina, os pacientes com esse transtorno tentam imediatamente encontrar um substituto. Por causa de sua necessidade desesperada de ser cuidado, eles não discriminam ao escolher um substituto. E se ficam sozinhos, sofrem excessivamente;
6- A pessoa se abstém de dar sua opinião diante das situações a fim de não gerar aborrecimentos ou descontentamentos. Por conta disso, ela não se expõe;
7- Sente-se sem capacidade de decidir, o que faz com que coloque os desejos dos outros sempre na frente dos seus;
8- O dependente emocional sente que tem a obrigação de fazer o outro feliz, o que o leva a se sentir culpado, caso não alcance esse objetivo;
9- Muito do que se refere à sua submissão leva ao comportamento de fazer chantagens (ou manipular) com o objetivo de fazer o outro se sentir culpado por estar se sentindo também culpado;
10- É uma pessoa controladora (do tipo stalker) com o hábito de olhar as mensagens do parceiro como “garantia” de que é única na vida da pessoa.
Autoavaliação. Como critério de autoavaliação, faça as seguintes perguntas a si mesmo:
1- O que a pessoa fazia que te prejudicava?
2- Você fez algo por ela e acabou machucado?
3- Fez coisas ruins para não perdê-la?
4- Sentiu que mendigou afeto, amor e não conseguiu?
5- Consegue aproveitar as coisas sem a presença da pessoa?
6- Percebeu prejuízo emocional com essa relação?
Como seria se fosse amor?
Você deve estar se perguntando como seria se fosse amor, nessa busca por respostas sobre como saber se é dependência ou amor.
O amor exige entrega e concessões. No entanto, a relação é de troca e não de exigências, justamente porque ambos já estão completos, e não se unem pela carência, mas pela vontade de estarem juntos.
A palavra-chave é reciprocidade. Os dois cedem na exata medida do outro e, mesmo que um ceda um pouco mais, não há descompensação (ou incômodos), pois está nutrido de amor-próprio.
Sabemos que esse casal vivencia a experiência do amor maduro quando a balança não pende mais para um lado do que para o outro. Há a medida certa da troca de afeto. Se um se doa mais do que o outro, certamente, se sentirá no direito de cobrar o outro tanto que não foi recebido na mesma medida. E é assim que o relacionamento não se sustenta.
E essa é a principal diferença entre dependência e amor. O amor deixa o outro livre, porque não depende do outro. Ambos buscam a complementaridade, o crescimento mútuo, que aprimora a felicidade que já existe internamente.
E perceba que esse amor, mesmo maduro e ideal, não é perfeito e muito menos impossível. Exige entrega de ambos, que precisam aprender entre si a arte de dar e receber. Precisam aprender a arte da paciência, visto que são pessoas distintas, com experiências diversas e culturas, na maioria das vezes, também diferentes.
É por tudo isso que o amar é uma arte difícil, porque exige coragem de se desprender de quem se é, se desnudar intimamente para o outro, com autenticidade (e sabemos que poucos são autênticos).
Quando, ao contrário disso, nos escondemos em nossas dores emocionais e fingimos ser quem não somos, a tendência é a de nos ferirmos cada vez mais com os encontros da vida. Afinal, atraímos aquilo que emanamos. Se emanamos mentira, não vamos ter um encontro com a verdade. Não é mesmo?
Como saber se é dependência ou amor?
E aí? Como saber se é dependência ou amor? Já te dei algumas dicas aqui neste artigo. a minha sugestão é que você se aprofunde em você mesmo antes de se aprofundar no universo do outro.
E mesmo que possa fazer as duas coisas juntas, é muito mais difícil quando já está em um emaranhado de conflitos.
Comece sempre por você. Você só terá a ganhar quando não sentir mais medo de se desnudar para o outro, porque não há máscaras que queiram esconder mistérios desnecessários ao prazer de amar. Já pensou sobre isso?
O autoconhecimento é a chave inicial para o entrar em contato consigo mesmo, a ponto de se descobrir o amor-próprio. Você se aproxima mais da sua essência de valor, quando olha para si.
Reflexões finais
Deixo aqui algumas reflexões finais. Se nessa sua busca sobre como saber se é dependência ou amor, você acabou se descobrindo uma pessoa dependente emocionalmente, não se preocupe, posso te ajudar com isto.
Mas, minha dica para você é que busque se conhecer e mergulhar em sua essência, começando por tudo aquilo que te dá prazer.
O que você faz com aquilo que fizeram com você? Você sabia que você não é o resultado das suas experiências, mas o resultado das escolhas decorrente delas? Pense bem: quantas pessoas não guardamos em nós acreditando que são parte de nossa identidade? (vide nossos pais)
Na verdade, são vínculos que nos tornam mais fortes ou mais fracos, pois tudo depende do olhar que lançamos sobre elas.
O que te faz acordar toda manhã? O que, em você, dentro de você, te faz feliz? Entre em contato com tudo isso...busque sua essência!
Em 2016, publiquei um livro chamado “O Amor no Divã”. Trata-se de uma obra literária que conta a história de Helena, a personagem principal que é dependente emocionalmente.
O livro te leva para os bastidores do setting terapêutico de Helena, que se descobre, a cada sessão, no emaranhado de repetições sistemáticas de relacionamentos afetivos intensos e profundos.
Você pode descobrir mais como saber se é dependência ou amor adquirindo este meu livro. Clique aqui para acessá-lo mais rápido!
Caso precise de ajuda psicológica, entre em contato comigo:
Psicóloga Michelly A. Ribeiro
CRP-08/27324
(45)99131-3177
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